sexta-feira, 25 de outubro de 2013

download do álbum Milagre de Ateu de Felipe Puxirum e Nonato Mendes

essas cantigas, estão entre as que pari e aprendi  nas andanças, pedaladas, caronadas, encontros e desencontros... em caminhos da hiléia ao nordeste árido, até os  cariris velhos da paraíba, onde pude estar com zabé da loca, a quem dedico este lançamento internético, recomendando a todas e todos que queiram ouvir:

a primeira dessas cantigas, foi composta num aguerê; aqui, dobrado da autonomia, que é um rítimo tocado nos terreiros pagãos, em culto aos voduns, ali mesmo no maranhão desmatado, oprimido e humilhado,  turiaçu, cururupu, na praia de lençóis, e, belém adentro, nas noites e dias da vida ameaçada, estuprada, sordidamente esquartejada pelos pacotes do capital-estado, na pior de todas as invenções humanas, por que a mais desumana, que mais destrói a natureza e explora outras e outros, chamada mercado, propriedade privada... onde prefiro cagar e dar descarga ao egoísmo!
querendo e sendo, um mundo onde caibam todos os mundos, levito num mantra amazônico, como assim chamou o amiguinho dádi, ao embalo das cordas buzarinas, um lundum visceralmente zen, jamais linear! para, já mais adiante, brincar aos acordes de uma toada do bumba meu boi, sotaque de orquestra, das reentranças às entranhas endurecidas, num "lá vai" a todas as mulheres que somos também, independendo do que tenhamos entre as pernas e,
depois, pela trilha dourada, enquanto tamoia, na lembrança de um lucindo, ainda com o suspiro de verequête, que encantaram as rodas de carimbó na floresta em trevas capetalistas, manas e manos, pois, se tem capêta aqui neste planeta, é o capitalista mesmo!
a nossa quinta cantiga, é uma toada especialmente do sotaque de costa de mão, que, numa grandeza de quem não se rende nem se vende, veste e indumenta lulu, um gênio que até no nome é salgado, de delicadeza e sabença no cantar a crioula e seu tempo, feito generosa preamar; para, agora, dar este canto aos primeiros, os tamoios,  contra a ignomínia da colonização de ontem e de hoje, num violão que o nonato mendes "souzou", com o testemunho do grilo bicho reflexívo, e seus botões providenciais;
e, seja no pará, não sendo bragantino, mas andreniano genialmente composto, canto dona zica, o analfabetismo, nossas dores e amores, em uma de suas pérolas, o xote, que, dos bole boles,
nos inicia num tambor de mina, com um corrido, rítimo com que se rufam os abatás ao rei, nas giras e imaginários encantados
da ilha de lençóis;
e lá estamos guarnecendo no barro branco ou vermelho, do reconhecer-respeitar esse brincante-amo-lavrador,  derrubando véus e máscaras do amor e do saber de fachada naquele sarneyquistão e outras oligarquizações assassinas, em terras timbiras!
e, já atravessando o rio gurupy, viajarmos  num régue até o colo de mamãe, apesar do lixo humano globalizado!
quando, recarregado, entoar um samba-hino composto por  andré miranda, esse caboclo tapajônico, e o mais nordestino dos amazônidas que conheço, senão, ouçam o que ele faz!
eis, em nossa décima segunda cantiga, um afoxé libertário, com os lampejos geniais de buzá improvisando,
e darmos nossas sauvas a quem estar chegando com seu moço ou a sua moça, ou quem queira chegar e dançar baião, coco, xaxado e maracatu, no rebôco da poliritimia...gratidão e coragem pra viver, porque as pedras, jamais falarão!

Download:

http://www.4shared.com/zip/1tY-tzCcce/milagre_de_ateu_parte_1.html

http://www.4shared.com/zip/S26hqRUHba/milagre_de_ateu_parte_2.html

Um comentário:

  1. Parabéns, Felipe! Eu tive o prazer de conhecer seu trabalho de perto recentemente, quando estive em Lençóis, e suas músicas são maravilhosas! :D

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